domingo, 28 de outubro de 2012

Paris é uma Festa - Memórias de Hemingway nos Anos 20

Cafe Du Dome: o preferido de Ernest Hemingway
“Se você teve a sorte de viver em Paris, quando jovem, sua presença continuará a acompanhá-lo pelo resto da vida, onde quer que você esteja, porque Paris é uma festa móvel, que se carrega no coração.”

 Muitas obras retrataram a Paris dos anos 20, mas ninguém o fez com tamanha propriedade como Ernest Hemingway. Não podia ser de outra maneira: ele estava lá e foi um dos protagonistas de uma das épocas mais loucas da humanidade. Lançado em 1960, "Paris é uma festa" traz as memórias do autor de "O velho e mar", em sua primeira passagem pela "Cidade Luz", enquanto integrou a chamada "Geração Perdida". Do início de sua amizade com Gertrude Stein, à maneira besta como a convivência deles terminou; do relacionamento conturbado com outros escritores, até detalhes íntimos da vida de Scott Fitzgerald e Zelda, tudo é interpretado com uma incrível riqueza de detalhes. Confesso que nem imaginava que o criador de "O Grande Gatsby" fosse tão paranoico e completamente dominado por uma mulher viciada em noitadas. Eu que costumo não lembrar no jantar o que comi no almoço, fiquei admirado de ver como o autor lembrou-se do semblante de seus interlocutores e  de suas roupas, dos detalhes do ambiente e de diálogos inteiros com seus amigos imortais. Algo que me chamou a atenção foi que, em momento algum, Hemingway fez referências ao som que estava ouvindo. Ele lembrou-se dos nomes das bebidas, das pessoas que estavam à sua volta e do tempero dos pratos, mas não diz o que estava tocando nos ambientes dos cafés. Será que reinava o silêncio na década de 20? Woody Allen não esteve lá mas imaginou o momento com Cole Porter e Josephine Baker (vide o filme Meia Noite em Paris). Será que o escritor não era chegado num bate coxa? Com ou sem som, esta foi mais um obra incrível do meu autor favorito. 
Hemingway e amigos frequentam cafés parisienses.
 "Paris não tem fim, e as recordações das pessoas que lá tenham vivido são próprias, distintas umas das outras. Mais cedo ou mais tarde,não importa quem sejamos, não importa como o façamos, não importa que mudanças se tenham operado em nós ou na cidade, a ela acabamos regressando. Paris vale sempre a pena e retribui tudo aquilo que você lhe dê. Mas, neste livro, quis retratar a Paris dos meus primeiros tempos, quando éramos muito pobres e muito felizes."

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