domingo, 22 de maio de 2011

Grand Hotel (1929) - O livro que inspirou o filme

Produção do filme Grand Hotel - 1932


- Onde está a verdadeira vida? Eu ainda não a descobri. Estive no Cassino, encontro-me no hotel mais caro de Berlim, mas não é só isso o que eu quero. Desconfio que a vida real, verdadeira, a vida propriamente dita, existe num outro lugar e tem um aspecto bem diferente.

- E o que imagina o senhor que a vida seja? Existirá mesmo essa vida que o senhor imagina? A coisa propriamente dita existe sempre em um lugar diferente. Quando a gente é jovem, pensa: mais tarde!... Mais tarde lamentamos: Antigamente é que eu vivia! Quando estamos aqui, imaginamos a vida na India, na América ou em outro lugar qualquer. Mas quando nos encontramos lá, a vida acabou de passar por ali e desaparecer, ficando à nossa espera aqui, de onde nós fugimos.

- Não acredito nisso - disse com modéstia.

- Pode acreditar. O senhor acabou de chegar de viagem e veio lá do seu cantinho de província com idéias absurdas sobre a vida. “Grande Hotel”, pensou o senhor. O hotel mais caro de Berlim, pensou o senhor. Deus sabe que milagres o senhor espera de um hotel assim. O senhor vai logo ficar sabendo o que é isto. Este hotel não vale nada, Sr. Kringelein. A gente chega, fica algum tempo, depois parte. De passagem, compreende? Para uma estadia curta, sabe? O que é que o senhor faz num hotel de luxo? Come, dorme, fica a vadiar, faz negócios, flerta um pouquinho, dança um pouco, não é? Bem, e o que faz o senhor da vida? Centenas de portas num corredor e ninguém sabe nada a respeito de quem mora ao lado de seu quarto. Quando o senhor se vai, chega outro sujeito, deita-se na sua casa e acabou-se. Fique sentado algumas horas no “hall” e preste atenção: ninguém é real, essa gente não tem fisionomia própria! É tudo ilusão. Estão todos mortos e não sabem. É uma arapuca, um hotel de luxo. “Grand Hotel bella vita”, heim? Bem, o principal é ter sempre as malas prontas.

Grande Hotel – Vicki Baum – 1929.

Um comentário:

  1. Conde Virgilio A.C de Castro-Xeres27 de junho de 2011 às 05:07

    SIM PARA MIM E UM DOS LIVROS MAIS BEM ESCRITOS,EU O LI NOS ANOS 80 QUANDO DE FERIAS NO BRASIL.EM ANGRA DOS REIS ONDE NA EPOCA TINHA UMA CASA DE PRAIA LA.FIQUI SOZINHO POR VARIOS DIAS,ENTAO FUI ME OCUPANDO COM ESTE LIVRO QUE NUNCA MAIS ESQUECI.

    ResponderExcluir